segunda-feira, 5 de maio de 2008

Até Parece.

Ela sabia que eu não era boa o suficiente, nunca fui, e talvez nunca iria ser. As luzes natalinas iluminavam e cintilavam nosso caminho, e caminhavamos e falavámos merda por aquelas ruas inconstantes e instantes. Os velhos clichês inanimados de natais passados arrancavam sorrisos sinceros das crianças que alí passavam. Para nós, crianças entorpecidas, os clichês, antes inertes, se animavam e arrancavam nossos sorrisos mais sinceros e insanos. Nossos corpos se davam, nossas mãos dadas e ela me acompanhava noite adentro. Para aonde estávamos indo? Não importava. Estávamos apenas indo. Nunca gostei de destinos, sempre foram disfarçes para as coincidências. E talvez só o amanhã pudesse dizer algo sobre nós duas, mas o amanhã era sempre o amanhã. E dessa vez nossos caminhos pareceram se separar em um dos pontos mais escuros e confusos do caminho, era aquela velha encruzilhada de novo. Em um trocar de olhares fulminantes, nossos corpos se des-deram, nossas mãos desfizeram o nó que as mantinham juntas, e nossas mentes criaram um novo nó, daquele pior tipo, que quanto mais você tenta desfazê-lo, mais ele se complica. E só se complicou, de fato. E até parece que não lembra e que não sabe o que passou e o que restou. Malditos (somos) nós.