domingo, 20 de setembro de 2009

Círculo de fogo.

- Mostre-me o caminho do bar mais próximo - foram as primeiras palavras dela ao acordar do meu lado, em um desses dias que o Sol ainda espreitava nas cinzas do céu.
Eu já não precisava de mais nada, ela apenas suspirava no meu ouvido, e eu já não queria mais sair daquela cama. Só por mais aquele momento, só por mais aquele eterno. Ela vivia me confundindo com certezas e incertezas que incendiavam. Como eu já estava cansada de saber, o maior defeito humano é fantasiar demais, e eu apenas me deixava levar pelo real, ela era real. Eu podia sentí-la sem fazer nenhum esforço. E aquele quarto abafado que transbordava alcool e nicotina, já parecia o melhor lugar do mundo. Acendiámos um cigarro de filtro vermelho e dávamos um gole na garrafa de whisky vazia, era a maldita força do hábito. E sem que percebessemos, estávamos alí de novo. Cura as abstinências, cura as ilusões. Ela era do tipo que atraia o caos, e conseguia se enrolar mais do que eu, eis aí a vantagem de brincar com fogo. Menina, suspire aqui comigo só por mais essa noite.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mel.

Os primeiros raios de luz do Sol impactavam com os ultimos raios na cocaína e lá estava eu mais uma vez, nos velhos clichês de sempre. E o vício da rotina já me cansava. Eu me sentava em alguma calçada que contemplava o que restou do fim de uma noite, quando chegaram algumas pessoas, também contampladas por aquela calçada, suja e sacana, como tudo que é bom. Sentaram-se, e entre conversas tortas, alguma coisa se endireitou. É clichê dizer que havia uma menina que encantava, mas encantou, mais do que a maioria das outras. E em um diálogo repleto de destinos que disfarçavam as coincidências, já tinhámos feito planos para dias próximos, e sem que percebessemos, aquelas mesmas coicidências pareciam estar virando destino. Destilados, fermentados e lisérgicos conduziam nossos seguintes dias, seguiu-se, se nas insanidades estamos, nas insanidades continuaremos. Clichê. Mas ela tinha um olhar que acelerava, nada clichê, ela era o impacto que eu tanto tentara evitar. Não evitei, foi como um furacão. E em poucos dias, eu só conseguia pensar na deliciosa combinação de destilados, acelerantes e ela, que já acelerava. E mesmo que o dia acabasse, eu voltaria atrás se ela me pedisse, e por apenas aquela noite, eu ficaria mais um tempo. Menina vou te guardar comigo.