segunda-feira, 23 de maio de 2011

Bodas de Nada.

Chegava o fim do outono para levar consigo o fim de um relacionamento, a queda das folhas, secas, representavam aquele nosso último momento; entre um desmaio e outro, quando eu nem havia ainda conseguido ficar sóbria, foram poucas palavras e muito silêncio e no fim nos senti desconhecidas, e foi a ultima vez que senti. Porém, quando toda calmaria anuncia uma tempestade, eu pegava carona com os ventos de fim de outono, que levavam as folhas, anunciando o gélido inverno cinza. Naquela mesma noite eu esquecia de tudo em um porre comemorativo, era noite de festa na cidade, e eu me perdia mais uma vez, cada vez mais distante. Ao pensar no que a semana traria, eu não tinha nenhuma intenção de manter a dignidade e a postura que nunca mantive, passei dia a dia de cama em cama e não me recordo de um sequer momento de sanidade. Quando me dei por mim, depois de todos aqueles dias que desapareceram, vi que tudo o que tinha restado eram nossas músicas em um toca-fitas; elas ainda estavam tocando.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Montanha Russa.

Meu caro Johnny costumava a dizer que apaixonar-se era como cair em um circulo de fogo, onde você conseqüentemente e certamente iria se queimar. E eu sempre acreditei nele, pois até os mais tolos sabiam que cair de amores por alguém poderia resultar em uma queda muito alta. E por ironia, foi a primeira música que cantei para ela, esquecendo-me dos perigo das chamas crescentes. Mas na verdade eu já não ligava mais, eu já havia passado horas me embebedando e desenvolvendo teorias para aquele relacionamento que eu tinha construído com ela por até então, um bom tempo. Após doses e mais doses de vodca, filosofia, nicotina e (bom) senso, consegui elaborar a teoria da montanha russa. E por tamanho clichê que possa parecer, fez um incrível sentido para mim na hora. A maioria das pessoas quando pensa em montanha russa associa-se à adrenalina, de fato é, mas eu associei, em um nível mais profundo, à insegurança. A adrenalina é produzida, na maioria das vezes, pelo medo (que é nada menos que uma insegurança). E há pelo menos um momento do percurso que você imagina que algo pode dar errado; seu cinto não está seguro o suficiente, o carrinho está fazendo um barulho estranho, o que acontecerá depois da queda? É quando você se segura firme no primeiro lugar que você acha, qualquer, só para certificar-se da segurança. Eis o começo do relacionamento junto com as "fugidinhas". Então chega a parte do looping, onde seus pés ficam fora do chão e nada é constante, você não sabe a velocidade e tão pouco o tamanho da curva, mas está com a adrenalina a mil e sabe que não tem jeito de voltar atrás, e nem quer. É a melhor parte, compensa pagar mais uma vez para sentir. Depois, tem aquela freada brusca, que você nunca esperava naquele ponto. Por inércia, seu corpo continua para frente, mas volta de uma vez. Mais uma garantia de segurança. A pior parte dessa freada é que ela muitas vezes engana, e faz achar que está perto do final, mas na maioria das vezes, mantém a estabilidade do carrinho para mais uns loopings. Ainda não consegui finalizar a teoria da montanha russa, talvez preciso de mais um tempo, de mais algumas doses, de mais alguns meses de convivência com ela, mas por enquanto, se encaixa bem no que tenho de definição do meu relacionamento; Após a freada, voltamos ao começo, como se nos desafiávamos para mais uma volta, e iámos sem hesitar. Mais algumas doses, por favor.