quinta-feira, 21 de julho de 2011

Que Bella!

Após algumas horas de viagem e algumas confusões linguísticas eu já espiava as construções antigas daquela cidade que gritava por turistas em busca de boas lembranças. Eu não gostava de me sentir como um deles, mas de fato, eu precisava de boas lembranças para sobrepor aquelas velhas memórias de escadarias e bebedeiras. Ao descer do ônibus eu já pude sentir o calor daquele lugar, eu sentia que poderia acender um cigarro na refração daquele Sol. Uma velha amiga me esperava na estação, era uma das poucas pessoas que eu tinha saudade. Rumamos pelas estreitas ruas, entre vendedores de bugigangas e cantadas baratas chegamos a aquela portinha, que se tornaria meu maior conforto nas noites de solidão. Tudo que eu precisava naquele momento era de uma bebida alcoólica gelada e uma caminhada para ambientação. Já na praça principal, a alguns metros do apartamento, eu já havia me rendido ao primeiro bar que vi. A partir dai, só fui parar depois de uma semana. O Sol parecia nunca se pôr e eu vagava sozinha pela cidade aprendendo cantadas em outros idiomas, sabia que me serviria para algo. Eu já não sabia mais fazer as contas de quantas vezes havia me perdido ou errado a porta de casa. Ás vezes eu conseguia me entediar daquela multidão de todo canto do mundo e pegava um trem rumo ao litoral para meditar e desfrutar dos prazeres carnais, e que prazeres. Aquelas cantadas que eu havia aprendido caíram muito bem. Depois voltava para a cidade e me preparava para partir de vez, a ideia de voltar para casa me dava arrepios, mas era mais uma vez necessário. Deixava minhas saudades com aquela velha amiga, assim como um pouco de excessos. E lá estava eu na estrada novamente, para a pior parte do percusso; re-volta.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rokin.

Mais um inverno chegava e era hora de cair na estrada novamente, eu havia juntado alguns trocados fazendo uns bicos pela cidade e eu já podia me ver cruzando oceanos. Lá estava eu mais uma vez com aquela velha mochila que cabia minha vida nas costas e a garrafa de whisky nas mãos. Eu sabia que era tempos de redenção e viajava sem qualquer preocupação do que ficava para trás, era hora de deixá-las para trás. Sumi mais uma vez, sem deixar ao menos um aviso nas paredes. E lá estava eu a milhas de distancia daquele inferno e tudo o que eu fazia era dar suspiros aliviados. Logo no primeiro dia eu já desbravava aquele lugar com um sentimento de familiaridade inacreditável. E mais inacreditável ainda foi encontrar com uma não tão velha conhecida, que parecia cruzar todos meus caminhos nas estradas afora. Nos juntamos para dias a fio de libertinagem; eu não saberia distinguir um dia do outro, mas saberia dizer o quanto foi libertador. Eu cambaleava pelas ruas iluminadas pelas luzes vermelhas, me esbarrava em vitrines que expunham belas jovens exportadas da América, sorria para elas, era tudo o que eu podia gastar. Eu estava reaprendendo a arte de flertar e acabava por me empolgar demais e acordava com alguns nomes no bolso. No dia seguinte, me confortava nas lembranças de outras pessoas sobre o resto de noite passada. Levantava com dificuldade e caminhava pelo caminho que já era um tanto quanto familiar, encontrava com aquela conhecida que me alimentava com alguns tragos de cannabis e seguíamos direto para algum pub para recomeçar de onde havíamos parado. Difícil seria sobreviver a uma vida ali, era hora de cruzar fronteiras e experimentar de outros lugares. Despedi daqueles que conheci, quanto àquela que eu já conhecia, eu sabia que nos cruzaríamos mais algumas vezes por ai. Coloquei a mochila nas costas, rumo ao sul aonde o Sol é Toscano.