terça-feira, 24 de julho de 2012

A Dinâmica da Vodca.

Sempre me disseram que para beber vodca você tinha que ser forte. Prontamente me lembrei daqueles russos de quase dois metros de altura e especialmente daquelas russas em que eu precisava ficar na ponta do pé para beijá-las, e,  além disso elas poderiam me pegar no colo e me carregar por milhas, e não era culpa da vodca. Eu já tinha uma política diferente, e pensava que não era necessário beber vodca durante um dia inteiro, era apenas necessário beber até que se atingisse o auge; o entorpecimento da vodca. Para alguns, o ápice chegava com duas doses, mas para mim era preciso de mais cinco delas e lá estava eu, mais uma vez, correndo pelas ruas e falando besteiras, não do tipo de besteira que se diz quando entorpecida de cervejas. Eram besteiras sinceras, que você nunca teria coragem de dizer a ninguém enquanto caminhava  no horizonte da sobriedade. Eu falava sobre amores passados que ainda pulsavam em meu peito, falava sobre artimanhas sexuais  e ainda, sobre desejos soberbos que nunca haviam emergido antes.  E lá estava eu bêbada com doses de vodca pura, cowboy, mais uma, sei não.  
Eu adorava conhecer aqueles que se diziam grandes bebedores, eu os batia em duas ou três doses a mais. E eu não precisava ter dois metros para parecer forte, eu só tinha um e sessenta de altura, e ás vezes precisava andar nas pontas dos pés. Era fácil até o topo, eu aprendia e desaprendia a dançar em menos de duas horas, aprendia a conversar em outras línguas e acima de tudo aprendia a suportar a ignorância humana que tanto me incomodava durante momentos de redenção. Que se destile a vodca no meu corpo, o mundo parecia entorpecer ao dançar comigo, e no dia seguinte eu ainda teria a certeza de que de nada iria lembrar.