quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Trinta de Novembro.

As semanas inconsequentemente passavam, corriam e riam de mim. Eu permanecia viciosamente no ato de ir e vir e entorpecer e seguir. Quando chegava em casa, se chegasse em casa, me sentava e divagava em pensamentos. Eu tinha uma garota, que uma vez apostou que eu não a suportaria por tal tempo, e que num outro tempo já superávamos todas as expectativas que tínhamos para nós mesmas, ninguém poderia explicar. O seu nome, que se repetia nas minhas paredes, poderia, para os mais tendenciosos, escrever uma história. Ela vivia insistindo no talvez e por mais que eu tentasse, ela se recusava a me ver mais de umas poucas vezes por semana, talvez suficientes para ela, levando-se em conta o tanto que me considerava insuportável. Mas como nunca me contentei com o suficiente, eu insistia em mais, em vão, então, não me contentava com o não do olhar dela. Se ela dizia que não amava ninguém, eu me pegava, mais uma vez, derretendo naquele mesmo olhar. O que antes era um talvez, se tornava certeza daquele momento, que eu guardava durante toda a semana que corria por mim. Ela nunca apareceria nas escadarias do meu prédio, eu já sabia. Mas eu esperava pacientemente por um novo momento, havia de acontecer, por coincidência, destino ou vontade dela.