sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fluoxetina.

Fluoxetina para a alma, fluoxetina para a dor. Um sorriso dopado pode mudar todo um dia. As cartelas se esvaziavam com o passar das horas, eu me esvaziava com o passar dos segundos. Eu procurava conforto nas fortes doses de whisky com lágrimas. Eu procurava pedaços, restos, que já não mais restavam. Já era tarde demais para ficar bem e ainda era muito cedo para voltar para casa. E eu aproveitava cada segundo, antes que tudo virasse uma tragédia. Era questão de tempo, e eu tentava retardá-lo o máximo que eu pudesse, mas era inevitável, tudo mudava e eu ficava para trás. Fluoxetina para parar o tempo, fluoxetina para aguentar. Um sorriso dopado pode enganar. Eu não queria ser aquela que teria que preencher o silêncio, me assustava, pois ele me dizia a verdade. E aquelas velhas conversas iam e vinham na minha cabeça, assim como os fortes tragos no filtro vermelho. Elas me diziam que era o fim. As notas do meu violão desafinavam e eu precisava curar aquela abstinência que me preenchia. Fluoxetina para minhas abstinências dela, fluoxetina para me enganar.

domingo, 7 de junho de 2009

Metonímia.

Eu andava nas alturas, e o tempo passava por nós sem que o percebessemos. As coisas matérias já não faziam parte do meu dia-a-dia, meu único chão era ela. Sempre gostei muito de metáforas, elas tiravam a estupidez das palavras literais, nunca gostei de palavras literais. Foi, quando em uma daquelas noites, onde eu nunca devia ter colocado os pés para fora de casa que tudo desabou, eufemismo, explodiu. Era, mais uma vez, aquelas malditas drogas sintéticas que me confundiam, me ludibriavam e riam de mim. Mas dessa vez, ela não estava lá, não em alma, apenas fisicamente.
- Você é uma mulher de caráter duvidoso - ela me disse.
E entre socos e arranhões, eu me perdi pela última vez. Ela se perdeu de mim. E todo meu brilho se foi, consegue vê-los em meus olhos? Não mais. Entre fortes tragos de cigarro que chegavam a sufocar, eu sentava nos cantos mais vazios da casa, eu vazia. Eu chegava a beber com tanta intensidade que desmaiava até o dia seguinte, para recomeçar tudo de novo. Nunca fui de mentir, nunca fui enganar, mas de alguma forma aconteceu, e eu não podia fazer nada, não era eu. Eu, que nunca fui de acreditar em muitas coisas, rezei, não sei para quem, já que estávamos no inferno, não pareceu ter dado muito certo. Mas ela me fez acreditar no real. Sentávamos no sofá azul surrado da sala, e ela me falava sobre trepadas e tpm, enquanto me perguntava o porque de não estarmos tendo uma trepa de reconciliação naquele momento, não dessa vez. E lembrava de todos aqueles idiotas caretas me falando o quanto eu estava me destruindo, me destrui, me desconstitui, e não sabia como catar aqueles pedaços, talvez seria melhor deixá-los por lá, fariam menos danos. Dos piores, o pior. Eu me rendo. O futuro é incerto, e o fim está sempre perto.

Só por essa noite, eu afundaria aqui por você;