domingo, 20 de setembro de 2009

Círculo de fogo.

- Mostre-me o caminho do bar mais próximo - foram as primeiras palavras dela ao acordar do meu lado, em um desses dias que o Sol ainda espreitava nas cinzas do céu.
Eu já não precisava de mais nada, ela apenas suspirava no meu ouvido, e eu já não queria mais sair daquela cama. Só por mais aquele momento, só por mais aquele eterno. Ela vivia me confundindo com certezas e incertezas que incendiavam. Como eu já estava cansada de saber, o maior defeito humano é fantasiar demais, e eu apenas me deixava levar pelo real, ela era real. Eu podia sentí-la sem fazer nenhum esforço. E aquele quarto abafado que transbordava alcool e nicotina, já parecia o melhor lugar do mundo. Acendiámos um cigarro de filtro vermelho e dávamos um gole na garrafa de whisky vazia, era a maldita força do hábito. E sem que percebessemos, estávamos alí de novo. Cura as abstinências, cura as ilusões. Ela era do tipo que atraia o caos, e conseguia se enrolar mais do que eu, eis aí a vantagem de brincar com fogo. Menina, suspire aqui comigo só por mais essa noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário