quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Negação da Condição Existencial.

O tempo na cidade me fazia esquecer dos meus textos, das poesias fugazes e das filosofias baratas. As horas me consumiam com pensamentos ansiosos, a bebida corroía meu estômago, meu corpo e minha mente. O prazer da embriaguez, aos poucos se transformava em pânico da ressaca. Latência; era o que me fazia acordar bem e querer acender a ponta de um cigarro, em ocasiões quase raras. Eu encarava os olhares nas ruas com medo, os passos apressados me faziam não querer sair de casa, apenas deitar na cama e esperar que aquilo tudo passasse, apressaram-se. As pessoas começavam a se preocupar com minhas reações de pânico e pareciam não acreditar que para toda ação existe uma consequência. Foi quando em uma conversa de bar, um mero conhecido me apresentou ao, que viria a ser meu novo melhor amigo, o Senhor Rivotril. Bença aos benzodiazepínicos, eu diria! A partir desse dia eu o levava para onde quer que fosse, como um amuleto, e de fato era. A ansiedade dava lugar a algumas gotas de prazer e todo aquele pavor social desaparecia , assim como os passos e as faces gananciosas que me fitavam pelas ruas. Pode parecer delirante, mas não; eu havia voltado a produzir no silêncio da madrugada e voltava, ao poucos, a aceitar a rotina que tanto me perturbava. Eu havia experienciado um conflito existencial que me levou a exaustão e tudo que o meu novo melhor amigo fazia era me reinserir de forma sutil ao circuito social que tanto prezam. Por um lado eu me sentia muito bem por conseguir voltar a fumar um cigarro inteiro e a beber com o prazer de saber que no dia seguinte eu não me sentiria tão isolada. Foram dois meses do inferno ao céu, e no fim de todo esse sufoco, tudo o que eu queria era reencontrar algumas pessoas, dar uma boa trepada, e esquecer de tudo o que se passara.

"As ilusões humanas provam que os homens não merecem nada melhor do que o esquecimento."

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