segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Semiótica Histérica.

Eu tinha um pedaço de mim teatral, que vivia nos subúrbios da Comédia e da Tragédia. Se dissociava de uma atuação de palco quando aparecia como drama de escadarias. Se perdia entre personas e personagens e me obrigava a achá-lo quando as cortinas fechavam. Me cativava com um olhar de falta, faltava roteiro. E mais uma vez eu descia da minha zona de conforto em busca de saciar seus desejos histéricos, que eu já sabia, nunca seriam saciados por completo; a falta pela falta. Me fazia lembrar de um grande pensador, que falava em mimesis como um movimento de representar a natureza. Porém, conhecendo tão bem esta parte de mim, eu ousava discordar e pensar que era impossível representar algo natural; o natural não poderia ser ensaiado. O teatro é uma verdade feita de máscaras, porém, este pedaço de mim parecia caminhar ao contrário, uma máscara feita de verdades. E por isso que ele sempre se perdia de mim pelas ruas daquela cidade, ele se misturava ao respeitável público e eu já não sabia mais distingui-lo de todos. E na calada da noite, ele voltava na ponta dos pés, suplicando por atenção, por afeto, contando várias verdades de backstage e eu, mais uma vez, me deleitava em todo aquele drama que já o era inerente. E quando o Sol ficava a pino, ele se esvaia por aquelas escadarias em busca de suprir toda aquela angustia de ainda ter o  palco vazio. 

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