terça-feira, 2 de setembro de 2008

Blues das Estradas.

Por dias seguidos nos entorpecemos com garrafas e mais garrafas daquela tequila vinda direto da terra da perdição, nos perdemos. Passávamos nossos restos de noite em casas de desconhecidos, que naquele ponto de nível alcoolico, haviam se tornados, por algumas horas, melhores companias. E eu, mais uma vez, nunca conseguia lembrar seus nomes quando acordava. Nos levantávamos, e num dinamismo incrível, tentávamos sair sem que ninguém nos notasse, sempre notavam. Andar sem cambalear era muito difícil. Inventávamos desculpas tolas para sair às pressas, crer era para poucos. E sem que percebessemos nosso dia já recomeçava embalado por canções do The Doors tocados em acordes desolados. Nunca voltávamos aos mesmos lugares, a idéia de ver aquelas mesmas pessoas era assustadora. Eu não conseguiria descrever a complexidade de cada um de nossos instantes alí, e eu começava a precisar das minhas paredes. Nossas fontes de insanidades foram de desvaindo e se perdendo em nossas mentes. Tentávamos contar os dias em tentativas fracassadas, mentes que mentem. Naquele ponto pensar se tornara um luxo para poucos, e nos guiávamos pelo cheiro de alcool etílico, nicotina, cocaina e desespero. Estávamos indo de volta para casa.

Um comentário:

  1. "Nunca voltávamos aos mesmos lugares, a idéia de ver aquelas mesmas pessoas era assustadora. (...) Naquele ponto pensar se tornara um luxo para poucos, e nos guiávamos pelo cheiro de alcool etílico, nicotina, cocaina e desespero."

    Você é sempre surpreendentemente impressionante. Sou apaixonada por ler você.

    Morena ;*

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