quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Leste.

Os faróis apontavam para o amanhecer e foi pelas sombras daquelas ruas que nos reencontramos. A minha canção materializada preferida, bárbara. Ela carregava um livro, debaixo dos braços, que falava sobre prostitutas e drogas, quanto a mim, eu carregava minha eterna garrafa de whisky barato. Estávamos na esquina certa, estávamos na intensidade certa. Eu já nem me importava mais com as depressões que as mudanças traziam. Ela sorria e vinha andando em minha direção, ela tinha uma fala mole, culpe as marihuanas escondidas em seu bolso. Trocamos algumas palavras, eu precisava ter certeza de que ela se lembrara de mim. As ironias começavam a aparecer. Nunca fui de ficar procurando pessoas, mas com ela, eu precisava, ela já me tinha feito cair em apenas algumas poucas horas. Ela não me dava muitas certezas, mas que se dane! A dúvida é apaixonante. Ela se mantinha a uma distância casual, casualidades costumavam a me cansar, mas não dessa vez. E eu começava a ter a impressão de que eu já a conhecia melhor do que ela fingia. Andamos a passos que se arrastavam até as escadarias do meu prédio, sentamos e eu ainda tentava enteder aqueles velhos casos sem finais, em vão. Após alguns goles no whisky, eu a fitei como se fosse a nossa última vez alí, ela como se estivesse lendo meus pensamentos, misturou um trago com um gole, e me disse:
- Querer não é poder, meu bem. - levantou-se, despediu-se com um beijo bem perto dos meus lábios e foi em direção ao nascer do Sol.
Bom, a vantagem de brincar com fogo, é que aprende-se a não se queimar. Eu tinha certeza que ainda a veria de novo por essas esquinas certas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário