quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Edifício São Jorge.

Antes de toda tempestade vem uma calmaria e eu podia senti-la chegando. Por algumas semanas passei da abstinência para a loucura, da loucura para a sanidade e da sanidade, de volta ao caos. Lá estava eu de novo, sentada na escadaria daquele prédio tombado, fumando um cigarro e arranhando alguns acordes no violão, foi quando ela chegou. Ela vestia roupas de verão e vinha sorrindo em direção a mim, pediu uma canção, sentou-se e acendeu um daqueles cigarros de palha que cheiravam a fim de festa, ela era como uma canção de fim de festa, aquela que você não quer deixar para trás. Ensaiamos uma conversa que não vingou, ela tinha problemas para contar um caso inteiro, eu não havia conseguido acompanhar nenhum até aquele ponto. Foi quando ela me ofereçeu um resto de marihuana que ela carregava para todos os cantos, eu que nunca fui muito fã de desacelerantes, desacelerei. Fumamos e nos afogamos em risos, há muito eu não sentia aquela sensação. A convidei para subir e ela negou, nada sutil. A essa altura eu já estava muito além de interessada. Ela prometeu uma próxima vez, mas eu conhecia aqueles tipos de promessas, sempre costumava a fazê-las. Ela despediu de mim, deixando aquele gosto de esperança, e eu que nunca tive esperança de nada, sucumbi. Subi aquela escadaria com um sorriso estampado no rosto. Me servi uma dose de tequilla, sentei no sofá surrado da sala e esperei. Dois dias depois, lá estava ela na escadaria, após o fim de uma festa, começaremos outra, com a mesma canção.

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