segunda-feira, 6 de junho de 2011

Escambo.

Minha vida seguia ao ritmo do blues, enquanto tudo desabava ao meu redor, eu viajava de norte a sul assobiando músicas que ficaram no passado. Naquele momento eu havia optado pela solidão. O problema de confiar nas pessoas é que não se deve confiar nas pessoas. Relações inter-pessoais já não eram um bom negócio naquela cidade e eu mantinha o mínimo de contato com o mínimo do que havia restado. Decepções me levaram ao desprendimento e não havia nada que poderia me manter ali. Com a mochila nas costas e uma garrafa em punhos, a caminhada pelo asfalto era longa. Conhecia uma meia dúzia de pessoas ao longo das estradas e passava noites em claro em festas de fraternidade que não tinham hora para acabar: "até o último homem em pé" diziam os cartazes pelas salas. E não demorava para acontecer, em menos de vinte e quatro horas não havia mais ninguém para contar história, nem eu, logo, não contarei. Ao final do fim de semana, me via obrigada a voltar para juntar mais alguns trocados para as próximas estradas. Existia em pensamentos existenciais, seria o preço da liberdade? Minha liberdade por alguns trocados. Eu troco.

Um comentário:

  1. curti demais esse final!
    " Ao final do fim de semana, me via obrigada a voltar para juntar mais alguns trocados para as próximas estradas. Existia em pensamentos existenciais, seria o preço da liberdade? Minha liberdade por alguns trocados. Eu troco."

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