quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Primeiros Passos.

Cheguei em um ponto da minha vida onde, aos poucos, ia deixando de lado todos aqueles prazeres hedonistas. Passei a notar detalhes, expressões, percebia o que nunca havia sequer, me preocupado em perceber. Eu andava pelas ruas contando os passos obsessivos daqueles que tinham pressa, eu sorria com ações gratuitas; a bailarina que fazia malabares nos sinais e cativava com o olhar simples e talentoso, o mendigo que andava com dificuldade com as mãos abertas em busca de algum trocado e quando o conseguia esboçava um sorriso de lado, que mascarava, por alguns segundos, a tristeza que ali o rondava, havia também o moleque que entregava papeis nas ruas, de pés descalços, desejando a todos um bom dia. Parecia que eu havia me libertado de todo aquele individualismo que abrangia todos que ali passavam, vinha de repente uma vontade de sentar com eles e saber de suas vidas, aprender malabares, mais humildade, me libertar do peso dos sapatos que distinguiam tanto uns dos outros. Os prazeres eram diferentes, mas eu poderia sentir que a essência era a mesma, eu me identificava naquela calçada e todos os dias eu caminhava pelos mesmos lugares, observava até os grafites nas paredes, e um deles me encarava todos os dias dizendo: "nunca é tarde para mudar o tempo". Nunca é.

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