quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O dia em que me surpreendi com as mulheres.

Eu sempre fui uma grande apreciadora da dinâmica feminina; dos jogos de sedução, da inconsistência de promessas, dos flertes silenciosos e das incertezas dos momentos. Eu sabia muito bem lidar com tudo isso, a cada dia um novo drama, e por trás de cada drama diversas complicações. Mas eu me sentia tão cansada de esperar em cada relação a certeza de um caos, que eu evitava qualquer tipo de relacionamento que envolvesse mais de vinte minutos de conversa que pudesse gerar algum mal entendido e confundir-se com algo parecido com intimidade. Sempre me disseram que intimidade era uma merda; e eu só fui entender isso quando senti a cobrança que o intimo envolve. Antes eu só pensava intimidade como andar pelada pela casa sem que esse alguém achasse estranho, ou até mesmo propor algumas bizarrices no sexo sem que a pessoa se assustasse e te confundisse com um parafilo ou algo do tipo. Olha que surpresa, mais um daqueles dualismos; a intimidade tinha, também, dois polos. Mas foi evitando relações que me surpreendi com as mulheres; descobri que estava me relacionando com meninas. Não precisava ser tão complicado assim, me disseram. Mas a simplicidade me parecia tão chata, que me recusei a acreditar que todos aqueles meus nomes nas paredes eram apenas meninas brincando. E eram, e eu me cansara delas, finalmente. A cada persona, uma mulher. A cada mulher, uma surpresa. Elas tem cheiro de estrógeno, me disseram. Eu nunca soube o cheiro de estrógeno, mas percebia a mulher com atrativos irresistíveis. As meninas que brincavam eram alimentadas de muita ilusão. Acreditavam dizer tudo, apenas com o despir de um vestido. E ao querer satisfazer tudo, sucumbiam sob pena de não fazê-lo e nada satisfaziam, mantendo o vazio que, na necessidade de ser preenchido, se preenchia com inseguranças. Não é em qualquer esquina ou em qualquer bar que se acha mulheres, me disseram.

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