segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ode Ao Poeta.

Era fim de tarde daquela efêmera primavera e eu caminhava a passos largos e cambaleantes em direção às escadarias de casa. Eu que não era de guardar detalhes, parei de repente frente a alguns rabiscos no muro que me acompanhava silencioso, eram novos escritos. Alguns esboçavam romances, outros se rebelavam nas próprias palavras e se embaralhavam em incompreensão e alguns poucos me chamaram atenção; poderiam ser meus escritos de outrora. O muro tão silencioso passava a sussurrar respostas por clichês. Um dos escritos dizia: Atrações físicas são comuns, conexões mentais são raras. Me perdi e me achei ao longo do mesmo segundo, acendi um cigarro, pensei e tentei me recordar da última vez que eu havia achado essa conexão. Não havia muito tempo, porém, eram de fato, raras essas pessoas que haviam passado por mim. Lembrei-me de uma pessoa em especial, ela rodeava o limítrofe de todos os meus sentimentos, e no final do dia conseguia ir embora com tanta facilidade. Nunca tivemos a oportunidade de ter algo que beirasse o estável, não por falta de qualquer coisa que o valha, mas pela velha mania de complicar o que poderia ser tão simples. Nossos corpos exalavam atração, a conexão ia além da mental, era neuronal: algo tão complexo que se dava com tanta rapidez e tamanha facilidade. Mas faltava poesia, ela costumava a dizer. Faltava poesia à minha compreensão das coisas. Nunca fui de sair poetizando, mas na verdade, acredito que a poesia só existe em quem a sente. Eu via poesia até no nosso modo ímpar de se odiar. Eu havia tirado aquele resto de noite para pensar nela, misticismos a parte, sentia que ela também fazia o mesmo. Se isso não for poesia, foi apenas incompreensão. 

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