sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Vitium.

A cidade cinza denunciava novos tempos que estavam por vir, o Sol não aparecia há dias e até a pressa dos passos nas calçadas faziam uma sinfonia triste e melancólica. O calor flamejava nos corações vazios e queimava em abstinência de velhos vícios. Os desejos latentes se afloravam junto à palavras perversas. Toda vez que o tempo mudava naquela cidade, acontecimentos de mesmo tom surgiam. Para mim, o cinza havia trazido recaídas, recheado de nostalgia e saudosismo. Eu, que clamava por redenção alguns meses antes, me encontrava em metade vício e metade razão. Nunca fui de optar pela razão ao invés do prazer, alías, tinha pavor dos que faziam isso; mas eu era metade prazer e metade inconsequência. E sabendo que a razão nunca iria prevalecer em uma recaída, pedi para que o vício o respondesse por mim. Ele não respondeu, ele só queria existir dentro de mim e eu só queria consumi-lo até que nada mais restasse. Queria tê-lo para sempre, mas não em forma de abstinência. O cinza também coloria todo o caos que pairava sobre aquelas dúvidas. É o querer, o poder, mas o não dever. Um pouco de sensatez seria de grande valia em uma dessas discussões comigo mesma, mas eu era metade coração e outra metade vício.No fim de tudo, todas as promessas que eu havia feito para mim haviam caído por terra e eu permanecia parada em frente a um espelho, fumando um cigarro atrás do outro, espreitando a presença do vício em meus olhos, em todo meu corpo abstinente. Sabia que se cedesse por um breve momento ficaria sempre na vontade de mais. Vitium, minha falta. Sou metade vontade e outra metade falta.

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