quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Menina dos Olhos.


A primeira vez que a conheci eu entorpecia nos meus mesmos clichês de sempre em uma dessas mesmas noites loucas de sempre, onde a lucidez não existia, e na verdade nunca existiu. A menina dos olhos brilhava mais do que qualquer raio colorido que eu via naquela noite. Ela estava enconstada no canto de uma pilastra naquele clube noturno que cheirava a cocaina e a suor. Nossos olhares se cruzavam por inúmeras vezes, e toda aquela psicodelia que nos envolvia parava e girava ao nosso redor. Pode ter sido efeitos do lsd, mas um pouco de romantismo não faz mal a ninguém. Ela era daquele tipo de groupie apaixonante, usava uma mini saia provocante, e mais provocante ainda era a meia arrastão parcialmente rasgada por baixo. A maquiagem realçava os traços em um rosto que disfarçava a inocência, e seus olhos me contavam histórias de romances esquecidos, antes mesmo dela pensar em me contá-las. Ela encantava todos os tipos de roqueiros, baderneiros, vagabundos e presidentes. Me disseram que ela era do tipo de garota que você se apaixonava de primeira, e de fato era. Mas eu não me apaixonei nem de primeira, nem de segunda e nem tão pouco de terceira. Me disseram que ela era do tipo de garota-furacão, que passava e destruia corações em mil pedaços, e mesmo assim ninguem se esquecia dela. E de fato era. Mas eu era do tipo garota-problema que gostva de correr riscos. E ela por algum motivo viu em mim uma solução, talvez para mim, talvez para ela ou talvez para as duas, uma redenção. A promiscuidade escorria pela sua pele. Ela sorria para mim. Eu desviava meu olhar acompanhando o universo de luzes que dominavam minha mente. E ela continuava sorrindo para mim.

- Belos sapatos, vamos trepar? - disse ela me abordando.
- Hoje não, obrigada - devolvi o sorriso para ela e dei um último gole na dose de vodca.

Talvez foi aí que ela se encantou por mim, ela também gostava de correr riscos. Todas as vezes que nos viámos entre trepadas casuais e beijos superfiais, eu a conhecia mais uma vez. Eu não me apaixonei de quarta, nem de quinta e nem tão pouco de sexta. Paixões são passageiras. Mas a menina dos olhos...ela sempre fica.

3 comentários:

  1. Tô olhando pra esse quadrado branco há um bom tempo. Não consigo pensar em nada pra traduzir o quão bonito é tudo que você escreve. Eu sou suspeita, mas esse, pra mim, é o mais lindo.

    Ô minha morena, eu gosto muito de você. E quando te leio isso fica mais evidente ainda.

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  2. Ô gentch, que lindeza... minha alcoolatrazinha toda bichinhaaa!

    Isso aqui tá bonito!

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