quinta-feira, 10 de abril de 2008

Redenção.

Foi em um desses dias que após 144 horas de isanidade ilícita, eu desabava. Era finalmente meu único dia de redenção, e tudo que eu precisava era de um dia inteiro em casa, sem nem mesmo colocar um cigarro na boca, ouvindo e sentindo o silêncio. Ás 15 horas da tarde, no auge na minha introspecção, Dih bateu, esmurrou e chutou a porta do apartamento, eu me arrastei da cama até a porta, buscando acreditar que era apenas um sonho. Ela usou de tuda sua insistência e persuação para me obrigar a ir até sua casa, para uma festa "imperdível", me deu algumas doses de anfetamina e fomos. Me diverti por algumas horas, mas naquele ponto nenhuma anfetamina, metanfetamina ou lisérgico iria me impedir de desabar. Entrei no quarto dela, que cheirava a nicotina e alcatrão, e me joguei na cama. Minutos depois, uma ruiva linda com cabelos longos entrou no quarto alegando que a Dih havia mandado-a lá. Eu mal conseguia abrir os olhos e assim que fechou a porta ela se ofuscou pela escuridão. Ela era tímida, e naquele ponto da minha sobriedade eu também era tímida. O silêncio rondou por minutos, eu queria fechar os olhos mas não conseguia, não com aquela beldade sentada na cama comigo. Assuntos foram surgindo aos poucos e a vontade de beijá-la foi ficando tão intensa que chegava a entorpecer. Entorpecida assim, na pausa entre respirações, beijei. Acordei no dia seguinte, e os braços dela me abraçavam. Fitei-a uma última vez, ela era mais bonita do que eu imaginava. Eu queria aquela menina para mim. Levantei, escrevi meu endereço na parede, por força do hábito.

Vamos repetir a dose.
Vou preparar a cama.
Apareça quando precisar de boas doses de endorfina.
Te vejo em breve,
Lorena.

02/10/1977

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